O Governo holandês financia um intercâmbio de diversas empresas locais de diferentes áreas que oferecem produtos, serviços e assessoria técnica completa a empresas brasileiras, gratuitamente. Os recursos podem atingir 4,5 milhões de euros.
As entregas dos produtos e serviços integram um amplo programa de subsídios a pequenas e médias empresas holandesas que desejem expandir os negócios a outros continentes. No Brasil, em especial, entre as linhas oferecidas está o DHI, sigla em holandês para Projetos de Demonstração, Estudos de Viabilidade e Estudos de Preparação de Investimento. Embora não exija grandes contrapartidas dos agentes envolvidos, sejam holandeses ou brasileiros, os projetos viabilizados pelo DHI trazem retorno positivo ao Estado europeu em médio e longo prazo. “O objetivo é fortalecer a posição econômica internacional dos Países Baixos, impulsionando a colaboração em setores específicos e em mercados-alvo”, explica Luisa Gouvea Rates, representante em Belo Horizonte do Escritório Holandês de Apoio aos Negócios, ou Netherlands Business Support Office (NBSO).
Para ter acesso ao financiamento, a empresa deve, inicialmente, identificar fora da Holanda um projeto que possa, dentro de sua expertise, contribuir para a viabilidade ou o crescimento. Tal projeto deve ser inovador, sustentável e ter potencial para gerar benefícios socioeconômicos no entorno onde ele está inserido. A partir daí é elaborada uma proposta a ser encaminhada ao Governo dos Países Baixos, por meio de um portal eletrônico específico. “É importante destacar como o projeto contribuirá para o desenvolvimento do país-alvo”, diz a Luisa. “Se a proposta for selecionada, a empresa poderá receber um contrato de financiamento”.
Um dos projetos contemplados no Brasil é operado por um grande consórcio de empresas holandesas, ou cluster, desde 2021, que entrega soluções para barragens de mineração. O consórcio já implementou alguns projetos no Brasil a partir do DHI. Chamado de Dutch Technical Team for Dam Safety (DTTD), cuja tradução livre seria Equipe Técnica Holandesa para Segurança de Barragens, o cluster reúne gestores e especialistas de sete empresas, que oferecem serviços como estudos ambientais; avaliação geológica e geotécnica; tecnologia inovadora de sensoriamento e monitoramento de barragens; dragagem elétrica de precisão; medição ultrassônica de densidade de polpa; e solução de isolamento impermeável do solo.
O consórcio mantém parcerias com grandes empresas de mineração no Brasil, como explica Jean Esteves, coordenador do cluster DTTD e da Antea Group, uma das empresas holandesas. “Sabemos que, para ganhar mercado, precisamos oferecer soluções completas para os nossos clientes, tecnicamente diferenciadas, mas também economicamente vantajosas”, disse. “O governo holandês entendeu que ele poderia ter um papel nas negociações e os subsídios são muito interessantes na hora de realizar estudos preliminares necessários à implementação de uma tecnologia nova”.
Esteves descreve como é a atuação do cluster. “Já tivemos um caso de sucesso onde o cliente tinha interesse num produto, mas queria ter certeza de como ele iria se comportar em solo brasileiro”, explica. “Os primeiros resultados comunicados nos deixam otimistas e sentimos que o cliente está muito mais familiarizado com as características do produto”. Além da Antea, fazem parte do cluster as empresas Arenal, Cohere, Royal Eijkelkamp, InTech, Rohr-Idreco e Trisoplast.
As empresas brasileiras podem formar parcerias caso identifiquem alguma tecnologia interessante dentro das empresas do cluster DTTD. “Ouviremos sobre os desafios enfrentados, sobre o interesse em receber projetos de demonstração e realizar parcerias e pesquisas com as empresas holandesas”. Luisa ressalta que não há qualquer restrição para o contato. “O parceiro local brasileiro pode ser de qualquer tamanho e, embora a mineração tenha sido o exemplo mencionado, não há restrição para nenhum setor”.
Fonte: Brasil61